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Estimados leitores: é meu profundo desejo e vontade, através deste humilde relato, levá-los numa viagem fascinante e extraordinária a um mundo ao que a maioria da gente não imaginaria. Com minhas singelas palavras tentarei explicar os sucessos que aconteceram, para assim vocês possam compreender e desenvolver em vossas mentes, uma imagem real do que a seguir procedo lhes contar. Dou-lhes minha palavra de honra neste preciso momento e quisesse assegurar-lhes, que todos os acontecimentos que evidenciarão neste livro, foram e são reais, que por mais insólitos e incríveis que possam lhes parecer, só aqueles que testemunharam situações semelhantes, aceitaram sem duvidar meus ditos, e os demais estimarão a credibilidade de meu relato segundo seus ideais, conhecimentos ou informação. Nesses dias começaram a escutar-se ao anoitecer uns uivais realmente impressionantes, lastimeros e espantadores. Já me tinha acostumado a escutar nas noites aos macacos que uivam (guaribas), que vocalizam todos juntos e parece uma manada de leões que se escutam a quilômetros de distância. Isto era diferente. O uivar era de um só e passava pela frente da fazenda, maiormente nas noites sem lua, que nem a sombra praticamente se percebia na escuridão, sempre sobre a estrada AM-10, que nessa época do ano passavam quatro carros por dia, nada mais. Nesses dias Teresa, a dona da fazenda, tinha me encomendado a tarefa de controlar aos gatos selvagens, ao entardecer, que faziam das suas dentro dos galinheiros com os frangos garotos. Os gatos mordiam por embaixo das jaulas aos frangos pelas patas e, forçando, os desmembravam e comiam. Continuamente encontrávamo-los desmembrados e isso era muito preocupante para ela. Entrega-me uma escopeta calibre 20 e um punhado de cartuchos, e comecei minha caçada. Consultando à gente do lugar, a maioria mostrava assombro ao ouvi-los, salvo os que asseguravam que era o “lobisomem” (homem lobo) ou “paçalobo” como lhe chamavam o que por suposto eu, céptico por natureza, não cria possível. O que todos em comum demonstravam era temor por aquilo que, sem duvidar, era algo grande e aterrorizante. Os 20 metros que separavam as casas da estrada, a pouquíssima iluminação que tinha e esse uivar fortíssimo não eram para andar se assomando muito Os dias passavam e o uivar seguia nas noites, e minha curiosidade empurrava-me, chegando a ver na escuridão primeiro uma indefinida sombra que rapidamente passava sem a poder identificar, salvo uma noite. Estávamos falando quatro, baixo o claro dos quartos de solteiros, quando vi que ao longe algo vinha uivando; disse-lhes que ficassem em silêncio com a luz apagada ali, que eu iria contra o portão da entrada com a escopeta pronta. Rapidamente elegi o lugar para me acaçapar e apontando para a estrada, esperei que chegasse aquele uivar tremedor. Pensava que se era um “avivado” assustando aos moradores faria um disparo ao ar para assustá-lo, mas se era um animal atiraria a matar e tentaria capturá-lo. O uivar sentia-se já muito forte e rapidamente pensei: não é humano. Enquanto minha mente tratava de pensar e entender que tipo de animal se aproximava, comecei a divisar a silueta, de um aspecto de gorila, com um caminhar bamboleante, bípede, incrível. Estava seguro que não há gorilas nesse lugar, ¡isto não podia ser! Meu assombro foi total e inesperado, quando seu perfil grotesco e formidável começa a passar em frente a mim. Levanta a cabeça, pequena em relação a seu corpo, com um focinho curto e olhos brilhantes, e uiva com tal esforço que seu tórax vibra notoriamente. Seus grossos braços penduram para diante, com grandes garras das quais não pude contar os dedos, erguido sobre suas patas traseiras, curtas e largas, o pescoço parecia muito delgado e inclinado para adiante, se mostrando uma importuna, coberto de pelagem por todo seu corpo menos o peito; defini-o nesse momento como corpo de gorila com cabeça de cachorro. Decidido a disparar para capturar aquela criatura desconhecida, apontei no preciso momento em que gira sua cabeça e me vé, se paralisa, e pude notar a surpresa em seus olhos. Disparo direto a sua cara dando-lhe de frente, volteia-o e enquanto cai girando solta um queixinho igual a um cão golpeado. Enquanto tento uma recarga da escopeta e seguir seus movimentos, desde uns 8 metros de distância, na penumbra, incorpora-se de costas a mim com a cabeça lhe pendurando como uma pendula, suas patas dianteiras para acima, e começa a galopar em suas quatro patas se chocando contra as árvores e seus ramos, de esquerda a direita, golpeia uma árvore e corre em sentido contrário, cego, os golpes de suas patas contra a terra são muito fortes e violentos, o rabo é curto e fino e leva-o quase levantado; não o vejo mais mas sento que se afasta galopando e depois o som do que me pareceu se desplomar, e o silêncio. Ainda não saio de meu assombro, mas meu instinto me diz que não o vá procurar agora, nessa escuridão. Não era muito alto, um metro sessenta diria ou um setenta, sim muito largo, forte e com notórias garras em suas extremidades, malferido. Não me tinha movido de ali ainda quando se me aproxima correndo um de meus colegas que me diz eufórico: ¡Lhe deu, lhe deu!, e pergunta-me como era já que eles, 20 metros mais longe, só divisaram a silueta. Reunimo-nos a conversar e um deles me repetia: ¡te disse, é um lobisomem! Os outros não sabiam que era e o mais velho comentou ter visto sombras do tamanho de um cavalo, mas que nunca soube que eram. Duas horas depois todos nos fomos dormir. Como uma hora mais tarde, já deitados, me acorda um rugido tão forte que parecia estar do outro lado da porta. Pego a escopeta, entreabro a porta e vejo no alambrado da entrada, uma silueta maior e nunca imaginada em minha vida, de uns 3 metros de alto, da mesma espécie que o outro, parado em suas patas traseiras, movendo sua cabeça de um lado a outro, rugindo com uma fúria descontrolada espeluçante. Foram alguns minutos somente e depois se foi, tinha-se parado no lugar exato onde esteve o anterior e parecia um adulto. Se aquele me tinha parecido forte, este era realmente para ter medo. Aquela noite quase não durmo: ¿que eram? Mil vezes essas imagens como um filme de terror cruzaram por minha mente, procurando detalhes, tentado localizar e identificar isso, sem poder o conseguir. Como qualquer pessoa, estava acostumado a ver coisas “conhecidas”, e isto me gerava muito assombro e incerteza. Quando o vi de costas tive a clara sensação de que era um urso e de perfil me tinha parecido um corpo de gorila. Também o fato dos veres nas noites me pareceu que sua pelagem era negra, mas comecei ao comparar com um avistar duvidoso e momentâneo que tinha feito nesses dias enquanto caçava. Lembro que senti um crujir de ramos grossos, algo que é normal por ali já que com o vento caem ramos ou até árvores, então acerto justo em olhar para acima a minha direita, a uns 30 metros de distância, de costas a mim, parado numa horqueta grossa, pelo que pensei que era um macaco grande, rojizo, que fazendo força com cada braço tinha quebrado um grande ramo. Caminhei o mais silencioso possível apontando a essa altura, mas já não estava ali. Isto ocorreu dentro da fazenda só uma vez. A partir de então todas as tardes após escurecer me sentava a olhar para a estrada na escuridão, e realmente as sombras grandes continuavam passando, mas já sem aúllos nem ruído algum. Eu senti que não devia tentar os caçar, que ademais não poderia com aquela arma derrubar essas moles, então ficava muito quieto perto do portão da entrada, semi oculto, e prestando atenção me precatei que vocalizavam entre eles comumente. Tanto eu como qualquer os tivesse confundido com sapos, um croar grave, mas com g (groac). Os escutei e os vi gesticular com a cabeça para acima esticando o pescoço, eram chamados entre eles, sempre da um, como se fossem seguindo o rastro, esse cheiro tão particular, e distanciados entre sim vários metros. Alguns se detinham a morder restos apertados no asfalto e continuavam olfateando contra o chão, igual que um cachorro rastreador. Algumas fêmeas, as quais são um pouco mais pequenas que o macho adulto, caminhavam com uma cria muito pequena que as seguia por trás de suas patas traseiras. Justo em frente à fazenda tinha uma plantação de mangos, os frutos estavam muito imaturos, mas com muitas folhas, eram árvores jovens de uns 3 metros de alto. A fêmea cortava com sua boca pequenos gajos e deixava-os cair, assim a cria comia do chão. O macho adulto ou mais de um, já que em suas idas e voltas controlando a manada não posso assegurar que fosse o mesmo ou outros, nervoso, imponente, desafiante e observador, me olhou várias vezes, não evidenciava medo senão desconfiança, receio, mas não se inquietava nem detinha por minha presença. Numa oportunidade, observando a uma fêmea comer ali em frente daquelas árvores de mango, de repente ficou estática, imóvel, e mete sua cabeça quase entre os ombros ao mesmo tempo em que escuto conversar na escuridão a duas pessoas que caminhavam sobre a estrada, gente do lugar se dirigindo a alguma outra fazenda com lanterna em mãos, que cada tanto acendiam. Passaram a uns 4 metros de mim sem notar, na escuridão, e a uns 3 metros dela, quem depois que se afastaram essas pessoas começou a caminhar como em câmera lenta, discretamente, e se marchou entre as árvores. continuara....